Atividade postada no Google sala de aula em 08/10/2020
Guerra do Paraguai
Olá jovens alunos!
Nessa atividade vamos estudar duas visões diferentes sobre a Guerra do Paraguai, uma das visões defende que o Brasil estava a serviço da Inglaterra para acabar com o Paraguai que era uma ameaça aos interesses dos ingleses, a outra visão, defende a ideia de que os países entraram em guerra devido aos seus próprios desentendimentos. Faremos a comparação analisando trechos escritos pelos próprios autores, deixei os textos no formulário, depois de ler o texto, respondam as questões, inclusive deixei uma questão que caiu em uma prova do ENEM anos atrás. Se tiverem dúvidas entrem em contato.
Analisando opiniões diferentes sobre a Guerra do Paraguai:
Fonte 1
O texto a seguir é do historiador Francisco Doratioto.
Leia-o com atenção.
“A guerra do Paraguai foi fruto das contradições platinas [...].
A guerra era uma das opções possíveis, que acabou por se concretizar, uma vez
que interessava a todos os Estados envolvidos. Seus governantes, tendo por base
informações parciais ou falsas do contexto platino [...], anteviram um conflito
rápido, no qual seus objetivos seriam alcançados com o menor custo possível.
Aqui não há “bandidos” ou “mocinhos” [...], mas sim interesses [...].
A guerra era vista por diferentes ópticas: para Solano López,
era a oportunidade de colocar o seu país (Paraguai) como potência regional e
ter acesso ao mar pelo porto de Montevidéu, graças a uma aliança com os blancos
uruguaios e os federalistas argentinos [...].
[...] para Bartolomé Mitre, (Governante argentino) era a
forma de consolidar o Estado centralizado argentino, eliminando os apoios
externos aos federalistas, proporcionados pelos blancos e por Solano López
[...].
[...] para os blancos, (Uruguaios) o apoio militar paraguaio
contra argentinos e brasileiros viabilizaria impedir que seus dois vizinhos continuassem
a intervir no Uruguai; para o Império [Brasil], a guerra contra o Paraguai não
era esperada, nem desejada, mas, iniciada, pensou-se que a vitória brasileira
seria rápida e poria fim ao litígio fronteiriço entre os dois países e às
ameaças à livre navegação, e permitiria depor Solano López.”
DORATIOTO, Francisco.
Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das
Letras, 2002. p. 93-96.
Fonte 2
O texto a seguir foi escrito pelo historiador Júlio José
Chiavenato. Leia-o com atenção.
“Em meados do século XIX havia um país diferente na América
do Sul: o Paraguai. Isolados por seus vizinhos, afastados da influência
econômica inglesa que dominava o Brasil imperial, a Argentina e o Uruguai, os
paraguaios criaram formas inéditas de sobrevivência.
Não tinham dívida externa, não havia escravidão e a terra
era ocupada por quantos quisessem trabalhá-la. [...] Enquanto o Brasil, a Argentina
e o Uruguai importavam até alfinetes (nós comprávamos da Inglaterra, por
exemplo, esquis para neve!), o Paraguai importava basicamente técnicos,
formando profissionais e criando sua própria tecnologia.
Assim, fabricavam de tudo para seu consumo. Sua ferrovia, a
primeira da América do Sul, foi construída por eles mesmos. Tinham a fundição
de ferro de Ibicuí, que produzia uma tonelada por dia. Quase todo paraguaio
sabia ler e escrever. Cada cidadão era obrigado a ter um cavalo e armas: o
exército era o povo em armas.
E não aceitavam uma libra sequer de empréstimos ingleses.
O resultado disso tudo é que colocavam em risco o equilíbrio
da dominação econômica inglesa na bacia do Prata. O Paraguai era um perigo ao
crescente imperialismo inglês.
Então, juntaram-se questões de fronteiras, o cerco econômico
britânico – principalmente através de seus aliados brasileiros e argentinos – e
daí, a Guerra: em aparência, de acordo com a propaganda, pra “conter” o ditador
Solano López; em conteúdo, na verdade, para acabar com o sonho de um território
livre na área de dominação do imperialismo inglês.”
CHIAVENATO, Júlio José.
Apresentação. In: ______. A Guerra do Paraguai. São Paulo: Ática, 1994. p. 2.
Atividades:
1) Na visão do autor da fonte 1, o que motivou a Guerra do Paraguai?
2) Ainda segundo Doratioto, quais eram os interesses de cada
um dos países envolvidos (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai)?
3) E na visão do autor da fonte 2, qual foi o principal
motivo da Guerra do Paraguai?
4) Selecione a alternativa correta: (Enem-2010) Substitui-se então uma história
crítica, profunda, por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura
dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a
armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que
já se viu na América Latina, a do Paraguai.
CHIAVENATTO, J. J.
Genocídio Americano: a Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979
(adaptado)
O imperialismo inglês, “destruindo o Paraguai, mantém o
status quo na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado
economicamente livre”. Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos
fatos e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercussão.
DORATIOTO, F. Maldita
guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia das Letras, 2002
(adaptado).
Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas estão refletindo sobre:
a) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais
motivos dessa Guerra.
b) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa
Guerra.
c) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de
batalha.
d) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre
os motivos dessa Guerra.
e) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e
argentino durante o conflito.